terça-feira, 27 de dezembro de 2011

BOLAR NO SANTO

"Bolar", ou "cair no santo", é indício da necessidade da futura iniciação. Geralmente acontece quando a pessoa participa de um "toque" e o orixá a incorpora, ainda no estado denominado de "bruto".
A pessoa passa por um desmaio ou perda dos sentidos. Nesse momento o Òrìsà se faz presente. Por não ter sido devidamente feito, não há reações, tais como, andar ou algum tipo de comunição, mesmo através de simples atos como de balançar a cabeça respondendo as perguntas feitas.
Nessa hora, a pessoa é normalmente recolhida ao quarto de santo, onde o zelador reza, e faz desta forma, a comunicação com o Òrìsà, dizendo entender o que o Òrìsà quer de seu filho.
O filho é acordado, e se explica qual à vontade do Òrìsà. Ressalta a responsabilidade de ser filho de um Òrìsà. Chegando a um comum acordo, determina-se o tempo para que possa fazer os devidos preparos para que o mesmo seja iniciado.
Há casos em que o Òrìsà já tenha dado vários avisos ao filho em questão, e o mesmo não aceita mais dar tempo a seu filho. Nesse momento o filho do Òrìsà é levado imediatamente ao ronko, e ficará recolhido sem contato com mas ninguém, salvo pessoas da família que devem ser avisadas sobre a questão e que ajudarão o iniciado, na compra dos materiais necessários para a feitura.
Depois de acordar o filho, o zelador consulta Ifà para fazer o reconhecimento do Òrìsà para que possa gerar a lista de materiais necessários a feitura, tais como, folhas, quartilhões, ferramentas, pratarias, fios etc.
Já recolhido, o abiã é apresentado a todos na família e passa a aprender as práticas ritualísticas de seu novo Axé.
Durante esse tempo o Abiã aprende de que forma deve proceder dentro do Axé e conhece a hierarquia da casa. Aprende todos os comprimentos feitos e as pessoas as quais tem a suas funções específicas, tais como, Ekedi, Ogãn, e o porque do respeito com tais pessoas. Aprende a cantar aos Òrìsàs, cores, rezas, comidas, ervas e cantigas.
Inicia-se então na vida do Abiâ, uma grande caminhada em busca do conhecimento que NUNCA ACABA.

Àsè Ò!

HIERÁRQUIA E ORGANIZAÇÃO NO CANDOMBLÉ


         O candomblé é uma religião progressiva, sua organização estabelece a partir de um conceito       peculiar de hierarquia, adquirindo com o tempo     e as obrigações, o direito de participar e ver rituais, com isso,    mais conhecimento.
         Um caminho interessante para se constatar isso é a observância sobre o fio-de-contas que, é uma marca dos vodunsi antigos e uma fonte de axé. O colar ao ser imerso em folhas quinadas (abo), transforma-se numa identificação do yâo e seu lugar na comunidade. O luto no candomblé é o branco pois, representa o retorno do individuo a massa de sua ancestralidade. Por isso o 1º fio de conta que se recebe é o branco de Oxalá, simboliza e caracteriza o abiã como candidato a iniciação.
         Após a obrigação de 03 anos, é comum ao ainda yâo, já com alguma graduação, ser presenteado com algumas contas mais enfeitadas, adquirindo o direito de criar para si colares mais rebuscados com miçangas pouco maiores e até alguns corais, primando ainda pela discrição.
         Após a obrigação de 07 anos,  o agora Ebomi, adquire adornos que o identificam como tal: o rungébre, o lagdbá, o brajá, o âmbar, o monjolo, os corais. O Ebomi já conhece seus fundamentos, por isso, a liberdade.

            O ebomi dever ser um exemplo pra o yâo, principalmente no que tange ao manuseio de sua própria liberdade e a adequação as situações, dentro e fora da comunidade.